ENCANTAVA!
Acabou o encantamento! Ok, não serei tão drástico assim. É com extremo pesar que escrevo essa matéria. Estávamos pesquisando sobre o Cordel do fogo encantado quando vejo a notícia através do próprio vocalista Lirinha (José Paes de Lira) de que a banda havia chegado ao fim.
Acabou o encantamento! Ok, não serei tão drástico assim. É com extremo pesar que escrevo essa matéria. Estávamos pesquisando sobre o Cordel do fogo encantado quando vejo a notícia através do próprio vocalista Lirinha (José Paes de Lira) de que a banda havia chegado ao fim.
De qualquer forma, não escreverei isso para os muitos fãs do Cordel. Agora, vejo a necessidade de escrever isso para aqueles que não conheciam essa magnífica e inovadora banda. Esse texto é principalmente para aqueles que se queixam de que hoje não existem músicos bons, como na época de João Gilberto, ou qualquer outro revolucionário da música nacional. Pois eu lhe apresento o CORDEL DO FOGO ENCANTADO.
Com certeza uma das bandas mais inovadora dos últimos tempos, tanto que fica muito difícil dizer o que exatamente ela é, uma mistura de músicas nordestinas? Talvez. É claro que tem uma forte influência dos tambores africanos, porém o que mais se destaca é sua originalidade. A revolução que o cordel fez na sonoridade com a qual estamos acostumados é impressionante. Eles resgatam toda uma cultura que, de certa forma, é ignorada, principalmente pelo sul do país: como Patativa do Assaré, Zé da Luz e toda a literatura de cordel. Esse tipo de arte não é esquecido por que as pessoas não gostam, mas por que não têm o privilégio de serem apresentadas a ela, eu sou do sul conheço o Cordel a 4 anos e me apaixonei.
A música do cordel no início causa certo estranhamento, pois as batidas são muito fortes e lembram bastante as batidas de terreiro, por isso (acredito eu) algumas pessoas não têm coragem e nem interesse de conhecer melhor (a minha mãe por exemplo). Mas essas mesmas batidas te contagiam conforme você vai se arriscando com a banda. É impressionante quando você percebe que é apenas violão e percussão.
As letras tratam de particularidades do nordeste como a seca, contando histórias que dificilmente se passariam em qualquer outro lugar do mundo, por isso talvez seja tão rotulada como uma música nordestina, embora não se consiga ver muito claro o baião, xote ou qualquer outro estilo musical característico dessa região.
A religiosidade também é muito presente na literatura do Cordel (a banda) e por vezes parece ser tratada de forma imparcial, distante e em outros momentos de maneira particular como se a banda acreditasse ou estivesse através do som fazendo uma oração. Temas complexos como os poderes pequenos, grandiosos e de transformação são cantados de forma muito singular, condizendo com a mais fina poesia.
“Pedrinha miudinha
Pedrinha na aruanda ê
Lajeiro tão grande
Tão grande na aruanda ê”
Lajeiro tão grande
Tão grande na aruanda ê”

Estamos profundamente sentidos com o fim do Cordel do fogo encantado, mas com a música deles aprendemos que não existe fim e sim mais um começo. Assim como Los Hermanos rendeu Little Joy e músicas extraordinárias do Marcelo Camelo, sei que esse fim é apenas o começo de coisas maravilhosas que virão.
Arrêa!
Clipe animado da música do Cordel do Fogo Encantado.
2ª Colocação no Cyber Júri do do Anima Mundi Web 2007
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